Mais de 200 casas do bairro Salinas, em Benguela, por aledaga construção anárquica, foram demolidas pela administração municipal local, com o fundamento de melhorar a imagem arquitetónica daquela cidade, capital da província, com o mesmo nome.
| Por: Osvaldo Luimbi Alice Zacarias. Revisão: Valentino Kulivela Yequenha (Jornalista da Angop-Huambo) |
A administração municipal de Benguela, através do seu porta-voz pelo ocorrido, Eurico Bongue, fonsidera de justo e oportuno o acto, no sentido de repor a ordem e a organização, por considerar que as construções anárquicas têm comprometido o crescimento harmonioso da urbe, com o surgimento de novos bairros.
Referiu que o Governo da Provincial, Comissão Municipal e a Comissão Responsável, estão interessados em atribuir uma imagem diferente as zonas periféricas de Benguela, dai ter recorrido a destruição de casas erguidas à margem dos padrões recomendados.
Com este acto, a administração municipal, que não poupou projectos sociais construidos pelos afectados, deixou ao relento, centenas de moradores que viviam nas casas destruidas.
Por este facto, o jurista e advogado de profissão, José Faria considerou de barbaro o acto, por violar os direitos dos cidadãos de acesso a uma habitação.
O interlocutor vai mais longe na sua abordagem, atribuindo culpa à administração municipal de Benguela, para quém a mesma gegligênciou-se ao permitir que os cidadãos erguessem as suas residências, de forma anarquica, sem acompanhamentos e fiscalização dos órgãos competentes.
"Se as construções são ilegais onde estava a administração esse tempo todo quando eles realizaram as escavações, colocação de alicerces, só para virem partir agora?" questionou o jurista ao declarar de ilegal o acto administrativo, por não se basear em qualquer decisão judicial.
Isto é um acto ilícito, pois que apesar de administração ter requerido ao tribunal para demolir as mesmas residências, aquele órgão não deferiu e por isso pode ser responsabilizada e o que deveria fazer primeiro é uma acção de providência cautelar de embarco contra terceiros, de modo a permitir que os moradores em causa arranjassem outro espaço para morar, continuou.
Para José Faria a barbaridade do acto é ainda maior por atingir igualmente as infra-estruturas socias como escolas, hopistais e as instalações da futura esquadra policial, que para além dos presumíveis infractores, beneficiava populares das zonas circunvizinhas, que tanto carecem de serviços sociais.
"É um paradoxo que a administração pública não coloca à disposição da população infra-estruturas sociais e quando a mesma constroi com recursos próprias, vem destruir", culminou.
Durante a nossa reportagem, constatou-se que dos afectados com as demolições, parte deles está ao relento, enquanto que outra foi recolhida e realojada pela administração municipal em uma escola desativada em condições precárias.
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